23 de março de 2012

Como é feita uma página dos Exploradores do Desconhecido

Tudo começa, obviamente, no roteiro: a alma da HQ! Escolhi para este making of a página 3 de Operação Salto Quântico. Não porque a considere a melhor, mas apenas porque é uma das poucas páginas que ainda tenho no lápis, e assim posso mostrar a vocês o processo. Quando comecei o trabalho, eu desenhava as páginas numa folha sulfite e depois passava tudo a limpo numa outra folha, onde fazia arte-final. Parei com esse processo quando entendi que estava praticando uma forma lenta de suicídio. Hoje eu faço tudo na mesma folha.
Cada roteirista trabalha de um jeito diferente. Alguns escrevem roteiros bem detalhados, que descrevem até uma folhinha de árvore caída no chão. Outros pegam mais leve nas descrições – geralmente quando o roteirista sabe quem vai desenhar sua história e confia nele. Penso que estamos no segundo caso, pois como vocês podem ver o roteiro que o Gian Danton escreveu para mim é bem sucinto:

Página 3
Q1 – Vemos uma cena da estação espacial. Trata-se da sala de controle, no qual está o chefe da missão e seus auxiliares, monitorando a experiência.
CHEFE: Muito bem, vamos dar início à experiência. Garry?
Q2 – A sala de controle da nave. Pensei no capitão na frente e cada um sentado em uma cadeira, com um laptop na frente de cada um,  mas você pode colocar a disposição que desejar. Lá estão os cinco exploradores do desconhecido, com suas roupas normais, já que a nave tem uma espécie de atmosfera artificial.
GARRY: Estamos prontos, aqui. Podem começar.
Q3 – Novamente a sala de controle. O chefe fala com a estação destino.
CHEFE: Estação águia. Quero vocês preparados… a Pionner irá aparecer nos arredores do sistema solar em poucos segundos.
Q4 – Close do chefe.
CHEFE: Iniciar contagem regressiva.
Q5 – Novamente a sala de controle da nave. Agora temos um foco em Jaime, que está ao lado de Helga. Ao fundo, o rádio começa a contagem. Helga parece fria enquanto responde para Jaime.
JAIME: Dá sempre um friozinho na espinha antes desse tipo de coisa, hein?
HELGA: Do que você está falando?
Rádio: 5…
Q6 – Jaime parece estar se desculpando, mas parece levemente irritado.
JAIME: Não está mais aqui quem falou…
Rádio: …4…
Q7 – Close de Jaime, aborrecido.
JAIME: Garota estressada!…
Rádio: …3…
Q7 – Garry repreende Jaime.
GARRY: Jaime, monitore o sistema.
JAIME: O senhor é que manda, chefe…
Rádio: … 2… 1…
Q8 – A sala de controle da nave, em silêncio, apenas com a voz do rádio.
Rádio: …0…

Com isso em mãos, é hora de começar o desenho, sem esquecer que a narrativa é tão importante quanto ele. O leitor deve ser capaz de compreender o que está se passando mesmo sem o texto. A narrativa também ajuda a construir o clima da história. Costumo usar uma diagramação bem sóbria, e a razão principal disso é porque me preocupo com a clareza.

 

Terminada essa etapa, é hora da arte-final. Com o pincel, procuro dar volume às figuras (embora isso não seja visível na tela do computador, devido à baixa resolução, e aí está um dos pontos que justificam uma edição impressa: só nela você vê realmente o que o desenhista fez). Usando traços de diferentes espessuras, a gente consegue também separar os planos. Áreas de preto, principalmente numa HQ preto e branco, dão mais harmonia ao conjunto, e ajudam a destacar os elementos mais importantes de uma cena.

 

Os balões e o letreiramento são feitos no computador, assim como os tons de cinza. E está pronta mais uma página dos Exploradores do Desconhecido!



19 de março de 2012

Exploradores no traço do JJ Marreiro

É extremamente raro alguém desenhar um personagem meu (embora “meu” não seja a palavra adequada, pois eles são do Gian Danton também), por isso, quando acontece, fico muito contente!

O JJ é o criador da Mulher Estupenda, e comanda um blog sobre ficção científica, o Laboratório Espacial, e também o Armagem Herética, site com quadrinhos muito legais dele e de outros caras que, como eu e o Gian Danton, ainda acreditam que os quadrinhos podem ser divertidos.